terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Um sentir

"Após a despedida da lua,
Se achega o cumprimento ao sol,
Quente e acolhedor como tocar suas asas.
Entre gélidas grades,
Se via o redemoinho lá fora.
Como as ondas salgadas do mar, vem limpar a impureza do escuro.
Do bosque, então vazio, cantei
Tu me escutara passarinho?
Lindas asas se abriram,
Voamos pelo horizonte azul
E foi assim, nessa fronteira de tons, que você chegou,
Trazendo consigo a mistura cintilante
Do olhar ébrio de bartô,
Fundido a paz trazida do encanto.
Nem mesmo os trovões da noite,
Eram capazes de impedir que eu saísse para voar contigo.
Desde tua chegada, tudo era assim
Leve, apesar do fardo.
Iluminado, mesmo em meio ao escuro.
Desde que reaprendi a voar sorrindo,
E a sorrir do pouso mal concluído
Vejo, passarinho
O brilho do ouro em todo velho pedaço de latão".

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Como?

Como cantar, passarinho?
Se me abandonas-te no meio da imensidão?
Se deixas-te a melodia do externo pela metade?
Se o pintar do arco-íris não foi à prova de lágrimas?
Se mesmo embalando teu sono através do cantar,
Certeza me deste, de que nunca ouvira minha canção.

Como esperar, passarinho?
Se nem mais as folhas secas lá fora, dançam sob o asfalto liso e incolor?
Se o horizonte segue se dilatando como o vazio brusco no peito?
Se ao anoitecer me aninho na toca,
E certeza tenho, de que o teu corpo aquecido,
Jamais fizera morada ali.
Ah, quanto apresso despercebido,
Quanta mensagem não sentida,
Quanto cheiro de eternidade, apagado pela chuva de agora.

Como ter-te, passarinho?
Se a tua atenção se foi, junto à crença no desigual?
Se a tua fome é saciada com o enganar dos olhos?
“Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”.

Como limpar teus olhos, passarinho?
Para que veja a beleza que há, na verdade não hesitada.
Para que veja quão belos são os olhos que choram,
Quão belas são as lágrimas de quem faz alguém sorrir!