quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Seja Bem Vindo!

Do solitário ao aconchego,
Do medo à coragem,
Do pesado ao leve sorriso desconcertado.
A gaiola já não era tão fria.
Você trouxe o sol.
Da impaciência à gargalhada,
Da curiosidade ao chupar do “ponha-se no seu lugar”.
Do desconhecido à cumplicidade.
O vôo já não era tão só, você chegou.
Mudamos a velocidade do tempo.
E ele corria graciosamente novo, alegre e bobo.
Bartô já não sentia medo dos passos agudos no saguão,
O cantar do lado de fora inundava o coração inquieto.
Seja bem vindo a ficar,
Seja à vontade o estar,
Que o silêncio continue falante,
E que o falar não ensurdeça o regar da semente.
Esteja à vontade pra ser enquanto quiser.
Ser sorriso,
Ser as sete chaves,
Ser amigo.

sábado, 3 de maio de 2014

Um voo breve

Foi um voo breve.
Cheio de caminhos retos e talvez por isso antecipou-se o ponto de chegada.
Iniciamos um voo na primavera, florida, cheia, colorida, aconchegante
Observei teus sinais, sem que até então os tivesse compreendido.
Bati cada vez mais minhas pequenas asas, até que fosse vencida pela exaustão.
E assim, pude observar que o inverno chegara e o quanto seu voo era bonito,
Todos paravam para admirar.
A fonte jorrou, depois de um curto período de seca.
Era absurdamente lindo ver a velocidade, a altura e a leveza do seu voo solitário.
E era absurdamente triste constatar que as minhas asas unidas as suas já não eram necessárias para que seu voo fosse seguro.
Era constrangedor ver os olhares se desviarem em minha direção,
Parecia que todos aqueles pássaros, sabiam o que acontecia.
Todos pareciam saber que eu te perdi,
E todos pareciam solidários a minha dor.
Mas no fundo uma alegria queima o peito do pequeno passarinho,
É bom saber que ao menos suas asas serviram de apoio para o voo mais bonito que aquele bosque já viu.
Então, voe pequenino!
Estufe o peito e mostre ao bosque como sabe encantar.
E eu continuarei aqui, aplaudindo e a postos para te erguer,
Caso se perca na imensidão azul de um céu sem listras.

Oito dias de um voo solitario

Hoje despertei com o misterioso barulho de um redemoinho,
Passados alguns segundo percebi uma grande bagunça aqui dentro. 
A dor é quase tão grande quanto o amor dispensado a você 
Que permanece intacto e vivo como o azul das suas listras. 
Meus olhos são como fontes inesgotáveis, que jorra sem pausas, 
Minha memória, nossas lembranças, o filme acelerou, num piscar rápido de olhos vejo detalhadamente 
Cada pedaço do nossa história. 
E dói. E vai continuar doendo, porque o seu lado do colchão está vazio, 
O seu canto na parede está assustadoramente branco, 
Nosso bichinhos calados, a bateria se foi com seus sons iluminadores. 
Tudo se esvaindo de forma lenta e dolorosa, o amor tem dessas coisa, 
Encanta, emociona, cega, devasta e se vai como um pássaro que muda a rota do voo. 
Uma semana sem você, uma semana morrendo aos poucos de amor,
Uma semana sobrevivendo com um novo vazio,
Um vazio que já foi cheio, cheio de ti, cheio de nós.
  

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Um Cantar de BoaNoite

Com o voar do tempo
As listras finas e presentes de bartô tornaram-se uniformes,
Com isso, ao cair da noite suas asas tremiam.
Sentia medo das listras caladas,

Sentia medo da gaiola abafada com o eco vazio
De um canto saudoso que deixara de existir.

E as noites escoras e silenciosas se arrastavam,
Abrindo buracos onde as lágrimas pudessem jorrar.
Sobre o jornal gelado, as sementes intocadas bartô seguia,

Cantando saudade do cantar de boa noite que a muito já não se ouvia.