terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Vôe junto a Bartô


Assumo minha covardia mais uma vez. Confesso que acabei me acostumando a abrir mão de mim por qualquer outro. Essa luta me assusta, o seu sorriso me desarma de tal maneira que consegue facilmente que os batimentos cardíacos e a respiração desesperada dêem as mãos para passear no bosque literalmente. O cérebro não consegue absorver a mensagem da voz calma e amiga que insiste em dizer que esse corpo pode sim vencer se persistir e esperar, - esperar mais? –Me pergunto. Bartô se tranqüiliza na cela de cimento frio, tem sempre em mãos a máscara do sorriso feliz quando sente seu passo mais perto. Usa também freqüentemente a mascara da indiferença quando um terceiro se aproxima! O tempo voa e lentamente contemplando esse sorriso abobalhado, decido que esse sentimento deve seguir voando junto a Bartô, sem que eu me de conta de que a muito não uso mais qualquer uma destas máscaras, logo, você se de conta de que nunca me viu de verdade.

Saudades

Deixei entreaberta a janela do quarto esperando enxergar o aperto de mãos entre o sol e a lua já que ambos vivem assim, se amando de longe. Mais ao piscar os olhos percebi o quanto seus caminhos são distantes e a tristeza que há neles. Nem mesmo um comprimento lhe é permitido, o comportamento é padrão é preciso que eu saia para que o seu brilho se espalhe e é preciso ver  você partir para que o brilho escuro do nosso amor impossível embale a troca de carinho dos amantes lá em baixo. É preciso lembrar Bartô que seu canto nunca mais me embalará os sonhos para que os meus pés se movam em direção ao sol.

Laços de fita





Essa mulher que quando pequenina a mãe amarrava laços de fita na cabeça e brincava de casinha dentro de casa. Essa nasceu com uma luz dentro dela que vai irradiando pelos cantos e tomando conta da escuridão, como se aninhasse as maldades com a ponta dos dedos. Sorri para as esquinas. Não puxa as rosas dos canteiros, pois gosta de cuidá-las de longe, vê-las crescerem e ganharem corações. É menina que abraça e enlaça o outro peito amargurado, como se em dois segundos o curasse, talvez esse seja o grande poder dela, o mais belo talento. Poliana faz do choro uma música e vai dizendo: É só uma, logo passa. Engana a quem vê-la só como uma menina. É mulher forte, das que aguentam de peito calado só para não magoar o inquilino ao lado. Poliana é beleza, dia de sol, castelos de areia… Digo que esse nome é quase uma cantoria dentro do corpo, para curar, para fazer bem, para cativar a quem escuta.

Menino



O inocente silêncio impera,
A escuridão invade as ruas.
Num pequeno canto, olhos explorando a superfície
Litros de café espalhados no chão
E um lápis agora vai ganhando vida.
Rapidamente as palavras surgem no papel
Assim os sentimentos reprimidos
Assumem suas formas originais!

Escrever é matar-te pouco a pouco
Ainda que a semente não tenha brotado por completo.
A cada novo desfile solar,
Te sinto mais perto e te vejo cada vez mais longe
Das minhas caricias
Desse meu santuário de ações e reações.
24 horas sem o teu calor,
Sem o teu brilho,
Sem tuas risadas de eterno menino,
Seus planos de sonhador sem esperança,
Sem que a tua imensa luz pairasse sobre as nuvens cinzentas!

Presente

A chuva vem e molha meu
Rosto enrugado, frio e sem vida.
Enquanto lá dentro, tua presença seguia fazendo o silêncio...
Silêncios de confusão, de entregas, preocupações,
Sonhos e tristeza!
De um lado o sono tranqüilo seguido das reticências vermelhas do amor.
Já do outro, um ponto final a lápis e a interrogação Dilacerando o ingênuo coração de Bartô.
A água salgada ao tocar a pele morena Dói, arde, machuca as feridas ainda abertas,
Saio correndo deixando-se misturar as águas os segredos escondidos, em falsos personagens.
Respiro na areia a libertação de alguns e o medo de outros.
Mascaras caídas e outras recuperadas...
Logo mais um sol puro vem surgindo enfeitando o mesmo céu azul de sempre
A festa acabou mas a bagunça ficou impregnada em todos nós rs
Agora eu Bartô, bato as asas voando em direção aos sonhos
Onde poderei modelar os fatos e os finais felizes.

Os Sete

(segunda, 28 de Fevereiro de 2011)

As paredes fecharam-se lentamente
Fui ficando sem ar,
Tudo por conta dessa cicatriz
Que recente você deixou,
Estrelas da noite.
Horas na janela, fitando o vôo
Seguro e preciso do velho Bartolomeu.
O canto, anuncia a liberdade.
O rugir das grades, traz de volta o carinho da solidão.
Aprecio o som dos olhos se perdendo na areia,
O sorriso de um sonho amante de primavera!
Sete corpos hospedeiros nas águas puras,
Tendo como inquilino os desprazeres e desejos
Deixados ao fim da festa.
Sete capas,
Sete casulos,
Sete grandes mentiras!
Um grito abafado se perde nas ondas
E o segredo queimado, se enterra nos céus

Quem é Bartô?

Eu já não sei quem eu sou!
Que papel assumir?
Que personagem inventar agora?
Percebo um estralo na cabeça, logo volto a refletir.
Concluo que sou mais um louco perdido no espaço,
Talvez
Um romântico desajeitado,
Um par de luvas vazio,
Uma mascara velha, numa estante empoeirada!