sábado, 20 de fevereiro de 2016

O Tempo Não Cura

Engano é achar que o tempo é um remédio que cura.
O Tempo na verdade é um Paliativo,
Que faz com que a ferida anestesie por um curto tempo,
E assim, a dor e o incomodo por sua vez são temporariamente camuflados.

O tempo não cura, não sara, não faz cicatrizar.
Vencendo a sua dose diária, o que temos é o “calejar”,
A dor não passa, mas ela já não é tão insuportável como no estágio inicial.
A ferida não fecha, mas é possível conviver com a curva desse vale indesejado.
E a solidão se torna tão presente, que por segundos
Esquecemos da ausência que ela deveria provocar.

O ser humano por fim, é como um camaleão
Que além das cores, desenvolve de forma forçada a camuflagem dos sentimentos.
E por detrás dessa gaiola, observo o circulo vicioso que se instalou por entre os vôos,
O choro, o riso, o ter e o não querer, o querer e o não poder mais ter..
Tudo muda o tempo todo, e tudo acaba sendo igual.


Cada partida, cada despedida arranca um pedaço da forma,
Abrindo um espaço novo, para cada chegada, cada apresentação.
É uma ordem natural, cada forma tem seu limite,
E todo limite, tem um limite de expansão.
A gente vai tentando alargar até que de repente,
Superlota, amarrota, sufoca e mesmo não querendo
É inevitável à abertura do novo espaço,
E esse processo dói, machuca, angustia, paralisa ..
E a única receita que nos passam é de um remédio com uma tarja preta,
Que causa dependência, que vicia, que nos faz refém,
O único sem um contra indicação explicito,
Na caixa está escrito seu nome em letras garrafais,
Seu nome é TEMPO
.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Um sentir

"Após a despedida da lua,
Se achega o cumprimento ao sol,
Quente e acolhedor como tocar suas asas.
Entre gélidas grades,
Se via o redemoinho lá fora.
Como as ondas salgadas do mar, vem limpar a impureza do escuro.
Do bosque, então vazio, cantei
Tu me escutara passarinho?
Lindas asas se abriram,
Voamos pelo horizonte azul
E foi assim, nessa fronteira de tons, que você chegou,
Trazendo consigo a mistura cintilante
Do olhar ébrio de bartô,
Fundido a paz trazida do encanto.
Nem mesmo os trovões da noite,
Eram capazes de impedir que eu saísse para voar contigo.
Desde tua chegada, tudo era assim
Leve, apesar do fardo.
Iluminado, mesmo em meio ao escuro.
Desde que reaprendi a voar sorrindo,
E a sorrir do pouso mal concluído
Vejo, passarinho
O brilho do ouro em todo velho pedaço de latão".

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Como?

Como cantar, passarinho?
Se me abandonas-te no meio da imensidão?
Se deixas-te a melodia do externo pela metade?
Se o pintar do arco-íris não foi à prova de lágrimas?
Se mesmo embalando teu sono através do cantar,
Certeza me deste, de que nunca ouvira minha canção.

Como esperar, passarinho?
Se nem mais as folhas secas lá fora, dançam sob o asfalto liso e incolor?
Se o horizonte segue se dilatando como o vazio brusco no peito?
Se ao anoitecer me aninho na toca,
E certeza tenho, de que o teu corpo aquecido,
Jamais fizera morada ali.
Ah, quanto apresso despercebido,
Quanta mensagem não sentida,
Quanto cheiro de eternidade, apagado pela chuva de agora.

Como ter-te, passarinho?
Se a tua atenção se foi, junto à crença no desigual?
Se a tua fome é saciada com o enganar dos olhos?
“Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”.

Como limpar teus olhos, passarinho?
Para que veja a beleza que há, na verdade não hesitada.
Para que veja quão belos são os olhos que choram,
Quão belas são as lágrimas de quem faz alguém sorrir!

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Seja Bem Vindo!

Do solitário ao aconchego,
Do medo à coragem,
Do pesado ao leve sorriso desconcertado.
A gaiola já não era tão fria.
Você trouxe o sol.
Da impaciência à gargalhada,
Da curiosidade ao chupar do “ponha-se no seu lugar”.
Do desconhecido à cumplicidade.
O vôo já não era tão só, você chegou.
Mudamos a velocidade do tempo.
E ele corria graciosamente novo, alegre e bobo.
Bartô já não sentia medo dos passos agudos no saguão,
O cantar do lado de fora inundava o coração inquieto.
Seja bem vindo a ficar,
Seja à vontade o estar,
Que o silêncio continue falante,
E que o falar não ensurdeça o regar da semente.
Esteja à vontade pra ser enquanto quiser.
Ser sorriso,
Ser as sete chaves,
Ser amigo.

sábado, 3 de maio de 2014

Um voo breve

Foi um voo breve.
Cheio de caminhos retos e talvez por isso antecipou-se o ponto de chegada.
Iniciamos um voo na primavera, florida, cheia, colorida, aconchegante
Observei teus sinais, sem que até então os tivesse compreendido.
Bati cada vez mais minhas pequenas asas, até que fosse vencida pela exaustão.
E assim, pude observar que o inverno chegara e o quanto seu voo era bonito,
Todos paravam para admirar.
A fonte jorrou, depois de um curto período de seca.
Era absurdamente lindo ver a velocidade, a altura e a leveza do seu voo solitário.
E era absurdamente triste constatar que as minhas asas unidas as suas já não eram necessárias para que seu voo fosse seguro.
Era constrangedor ver os olhares se desviarem em minha direção,
Parecia que todos aqueles pássaros, sabiam o que acontecia.
Todos pareciam saber que eu te perdi,
E todos pareciam solidários a minha dor.
Mas no fundo uma alegria queima o peito do pequeno passarinho,
É bom saber que ao menos suas asas serviram de apoio para o voo mais bonito que aquele bosque já viu.
Então, voe pequenino!
Estufe o peito e mostre ao bosque como sabe encantar.
E eu continuarei aqui, aplaudindo e a postos para te erguer,
Caso se perca na imensidão azul de um céu sem listras.

Oito dias de um voo solitario

Hoje despertei com o misterioso barulho de um redemoinho,
Passados alguns segundo percebi uma grande bagunça aqui dentro. 
A dor é quase tão grande quanto o amor dispensado a você 
Que permanece intacto e vivo como o azul das suas listras. 
Meus olhos são como fontes inesgotáveis, que jorra sem pausas, 
Minha memória, nossas lembranças, o filme acelerou, num piscar rápido de olhos vejo detalhadamente 
Cada pedaço do nossa história. 
E dói. E vai continuar doendo, porque o seu lado do colchão está vazio, 
O seu canto na parede está assustadoramente branco, 
Nosso bichinhos calados, a bateria se foi com seus sons iluminadores. 
Tudo se esvaindo de forma lenta e dolorosa, o amor tem dessas coisa, 
Encanta, emociona, cega, devasta e se vai como um pássaro que muda a rota do voo. 
Uma semana sem você, uma semana morrendo aos poucos de amor,
Uma semana sobrevivendo com um novo vazio,
Um vazio que já foi cheio, cheio de ti, cheio de nós.
  

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Um Cantar de BoaNoite

Com o voar do tempo
As listras finas e presentes de bartô tornaram-se uniformes,
Com isso, ao cair da noite suas asas tremiam.
Sentia medo das listras caladas,

Sentia medo da gaiola abafada com o eco vazio
De um canto saudoso que deixara de existir.

E as noites escoras e silenciosas se arrastavam,
Abrindo buracos onde as lágrimas pudessem jorrar.
Sobre o jornal gelado, as sementes intocadas bartô seguia,

Cantando saudade do cantar de boa noite que a muito já não se ouvia.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Chá de Vida Nova

A alguns dias nossos encontros tem sido assim,
Em idas e vindas, lençóis, horários.
E confesso que seu rosto ganhou um brilho diferente, 
Suas bochechas coradas dão vida ao olhar arroxeado das noites claras.
Sobrevivemos aos cumprimentos e despedidas,
Ainda que tenham sido docemente dolorosos.
Caminhamos com a incerteza,
Nos tornamos intimas do medo,
Mas nenhum desses laços, pode ser comparado a amizade sólida
Que alimentamos pela esperança e a coragem.
Pintamos juntas grande parte da parede com uma nova cor,
As chamamos de fé.
Em cada janela, coloquei uma tela de paz.
Guardamos no velho armário branco, as histórias únicas que nos foram ditas,
Enquanto arrumávamos os semblantes debilitados e sinceros em nossos corações.
Em cada partida, em cada olhar de menina assustada
Deixo contigo um pedaço da minha alma
É hora de devolver-te o leão que herdei ao nascer de teu ventre
E aqui numa sala de espera, recarrego-me.
Preciso estar cheia, para ajudar-te a se encher.
Menina, Mulher, Mãe e Amiga
Logo o sol virá, sem que nada o atrapalhe de brilhar e nos aquecer.
Nada de pressa,
Nada de máscaras, tubos...
Apenas um chá de vida nova.